A explosão está acontecendo há
anos. Agora, os cientistas conseguiram calcular a massa da estrela que o
originou: 50 vezes maior que a do Sol.
Por Carolina Fioratti
access_time14 abr 2020, 16h05 - Publicado em 14 abr 2020,
16h01
Imagine uma explosão tão grande que é capaz de
encobrir uma galáxia inteira. Foi o que aconteceu com a supernova
SN206aps, avistada por astrônomos de
Harvard.
Primeiro, vale lembrar que uma supernova nada mais
é do que uma estrela explodindo em seus estágios finais de vida. Os
pesquisadores se depararam com a SN206aps ainda em 2016, quando observavam o
céu pelo Panoramic Survey Telescope and Rapid Response System (Pan-STARRS),
telescópio localizado no Havaí. Ele continuaram monitorando e, agora, com
apenas 1% do seu pico de brilho, conseguiram calcular sua massa: algo entre 50
e 100 vezes maior do que o Sol. Para se ter uma ideia, uma supernova comum é
seis vezes menor que isso.
De início, os cientistas pensaram que a supernova
estava no meio do nada, pois não avistaram sua galáxia de origem. Mas, na
verdade, seu brilho era tão intenso que encobriu toda a região que habitava.
Ela está a 4,5 milhões de anos-luz da Terra e, além de ser a mais poderosa já
vista, é também a mais duradoura. Supernovas menos robustas permanecem apenas
alguns meses explodindo, diferente desse fenômeno que está impressionando
pesquisadores há quatro anos.
Por que essa supernova é tão expansiva?
Os pesquisadores acham que o que pode ter
acontecido é a fusão de duas estrelas menores antes do fenômeno. Isso porque
foi observada uma alta concentração de hidrogênio durante a explosão, algo
incomum para estrelas massivas, que ejetam a maior parte do elemento antes de
se tornarem supernovas.
Depois, pode ter acontecido o que os cientistas
chamam de explosão de instabilidade de pares pulsantes: a grande estrela foi se
dissipando com o decorrer dos anos, expelindo matéria, ou seja, deixando para
trás mais ou menos metade da sua massa em gás. Uma hora, ela foi de encontro a
essa bomba de gás e colidiu, causando a mega explosão.
Mas
a quantidade de gás expelida no passado é o que mais surpreende os cientistas.
O comum é que a estrela libere essa “bomba” milhões de anos antes de explodir.
Mas, nesse caso, as observações indicam que foi liberada apenas com algumas
décadas de antecedência.
Além
disso, após a explosão de uma supernova, costuma ficar para trás uma nebulosa
(nuvem de gases e poeira) ou até mesmo um buraco negro. Mas, o SN2016aps ainda
não nos deu dicas do legado que deixará. Isso porque seu brilho, mesmo após
anos, segue tão intenso que fica impossível de enxergar qualquer coisa extra. É
preciso esperar até que essa luz se apague sozinha.
Avistar
mais fenômenos como esse pode auxiliar no entendimento de estrelas
supermassivas. Na Via Láctea, onde estamos agora, não existem astros dessa
intensidade, então é preciso olhar sempre além daqui. Os cientistas esperam
que, com as próximas gerações de telescópio que estão por vir, seja possível observar
explosões como essa que ocorreram ainda nos primeiros cem milhões de anos que
sucederam o Big Bang.
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