sexta-feira, 17 de abril de 2020

Estrela que orbita buraco negro da Via Láctea comprova teoria de Einstein



Descoberta do ESO revela que a órbita da estrela tem a forma de uma roseta e não de uma elipse, reafirmando a teoria da relatividade geral proposta em 1915
REDAÇÃO GALILEU
16 ABR 2020 - 10H36 ATUALIZADO EM 16 ABR 2020 - 10H36


Observações feitas com o Very Large Telescope (VLT) do Observatório Europeu do Sul (ESO) revelaram que a estrela S2, que orbita o Sagittarius A*, buraco negro supermassivo no centro da Via Láctea, se move exatamente como previsto pela teoria geral da relatividade de Albert Einstein. A descoberta foi compartilhada nesta quinta-feira (16) no Astronomy & Astrophysics.
Segundo os especialistas, a órbita da estrela tem a forma de uma roseta, contrariando o formato de elipse que seria previsto pela teoria da gravidade de Isaac Newton. Isso porque a relatividade geral de Einstein prevê que as dobras no espaço-tempo causadas pelo buraco negro tornam a trajetória da estrela irregular — justamente como a observada em S2.
"Esse famoso efeito, visto pela primeira vez na órbita do planeta Mercúrio ao redor do Sol, foi a primeira evidência a favor da relatividade geral", afirmou Reinhard Genzel, um dos pesquisadores, em declaração à imprensa. "Cem anos depois, já detectamos o mesmo efeito no movimento de uma estrela que orbita a fonte compacta de rádio Sagittarius A* no centro da Via Láctea. Essa descoberta observacional reforça a evidência de que Sagittarius A* deve ser um buraco negro supermassivo com 4 milhões de vezes a massa do Sol."
O Sagittarius A* está situado a 26 mil anos-luz do Sol e a 20 bilhões de quilômetros da S2 durante seu período de aproximação máxima (essa distância equivale a 120 vezes a distância entre o Sol e a Terra). Quando está mais perto do buraco negro, a estrela percorre o Espaço com a um ritmo de quase 3% a velocidade da luz, o que faz com que cada uma de suas órbitas dure cerca de 16 anos terrestres.
De acordo com os especialistas, a maioria das estrelas e planetas tem uma órbita não circular e, portanto, se aproximam e se afastam do objeto que estão transitando. A órbita da S2 recua, o que significa que a localização do ponto mais próximo do buraco negro supermassivo muda a cada trajeto, de modo que a próxima órbita esteja rotacionada em relação à anterior, criando uma forma de roseta.

Graças à teoria de Einstein, é possível prever essas mudanças na órbita de estrelas como a S2 — e pesquisas como a realizada pela ESO comprovam a teoria da relatividade geral, pois medem exatamente essa trajetória. Esta é a primeira vez que esse efeito, conhecido como precessão de Schwarzschild, foi medido para uma estrela que orbita um buraco negro supermassivo.
“Como as medições de S2 seguem muito bem a relatividade geral, podemos estabelecer limites rigorosos de quanto material invisível, como matéria escura distribuída ou possíveis buracos negros menores, estão presentes em torno do Sagittarius A*", disseram Guy Perrin e Karine Perraut, que também participaram da pesquisa. "Isso é de grande interesse para entender a formação e evolução de buracos negros supermassivos."

terça-feira, 14 de abril de 2020

Já vimos isso em algum lugar!

Segunda fase.

Já vimos isso em algum lugar!

Que questão do ENEM é essa?

Astrônomos avistam supernova mais poderosa de todos os tempos


A explosão está acontecendo há anos. Agora, os cientistas conseguiram calcular a massa da estrela que o originou: 50 vezes maior que a do Sol.
Por Carolina Fioratti
access_time14 abr 2020, 16h05 - Publicado em 14 abr 2020, 16h01

Imagine uma explosão tão grande que é capaz de encobrir uma galáxia inteira. Foi o que aconteceu com a supernova SN206aps, avistada por astrônomos de Harvard.
Primeiro, vale lembrar que uma supernova nada mais é do que uma estrela explodindo em seus estágios finais de vida. Os pesquisadores se depararam com a SN206aps ainda em 2016, quando observavam o céu pelo Panoramic Survey Telescope and Rapid Response System (Pan-STARRS), telescópio localizado no Havaí. Ele continuaram monitorando e, agora, com apenas 1% do seu pico de brilho, conseguiram calcular sua massa: algo entre 50 e 100 vezes maior do que o Sol. Para se ter uma ideia, uma supernova comum é seis vezes menor que isso. 
De início, os cientistas pensaram que a supernova estava no meio do nada, pois não avistaram sua galáxia de origem. Mas, na verdade, seu brilho era tão intenso que encobriu toda a região que habitava. Ela está a 4,5 milhões de anos-luz da Terra e, além de ser a mais poderosa já vista, é também a mais duradoura. Supernovas menos robustas permanecem apenas alguns meses explodindo, diferente desse fenômeno que está impressionando pesquisadores há quatro anos.
Por que essa supernova é tão expansiva?
Os pesquisadores acham que o que pode ter acontecido é a fusão de duas estrelas menores antes do fenômeno. Isso porque foi observada uma alta concentração de hidrogênio durante a explosão, algo incomum para estrelas massivas, que ejetam a maior parte do elemento antes de se tornarem supernovas. 
Depois, pode ter acontecido o que os cientistas chamam de explosão de instabilidade de pares pulsantes: a grande estrela foi se dissipando com o decorrer dos anos, expelindo matéria, ou seja, deixando para trás mais ou menos metade da sua massa em gás. Uma hora, ela foi de encontro a essa bomba de gás e colidiu, causando a mega explosão.
Mas a quantidade de gás expelida no passado é o que mais surpreende os cientistas. O comum é que a estrela libere essa “bomba” milhões de anos antes de explodir. Mas, nesse caso, as observações indicam que foi liberada apenas com algumas décadas de antecedência. 
Além disso, após a explosão de uma supernova, costuma ficar para trás uma nebulosa (nuvem de gases e poeira) ou até mesmo um buraco negro. Mas, o SN2016aps ainda não nos deu dicas do legado que deixará. Isso porque seu brilho, mesmo após anos, segue tão intenso que fica impossível de enxergar qualquer coisa extra. É preciso esperar até que essa luz se apague sozinha. 
Avistar mais fenômenos como esse pode auxiliar no entendimento de estrelas supermassivas. Na Via Láctea, onde estamos agora, não existem astros dessa intensidade, então é preciso olhar sempre além daqui. Os cientistas esperam que, com as próximas gerações de telescópio que estão por vir, seja possível observar explosões como essa que ocorreram ainda nos primeiros cem milhões de anos que sucederam o Big Bang.

quinta-feira, 9 de abril de 2020

Veja o que o telescópio Hubble avistou no dia em que você faz aniversário

A Nasa lançou uma plataforma interativa em comemoração ao aniversário de 30 anos do telescópio. Confira.


Em 2020, o telescópio espacial Hubble, da Nasa, completa 30 anos em órbita. Ao longo de sua história, ele trabalhou 24 horas por dia, sete dias por semana, fotografando o espaço. E agora, disponibilizou para todos suas melhores imagens. 
Digitando o dia e o mês do seu aniversário, uma plataforma criada pela Nasa mostra uma imagem feita pelo Hubble naquele dia. Não é possível, contudo, escolher o ano, que é totalmente aleatório. As imagens vêm com uma breve explicação em inglês do que estava acontecendo no momento.
Para ver o que Hubble viu no seu dia, basta clicar no link abaixo. O projeto viralizou nas redes sociais – e fez a NASA entrar nos assuntos mais comentados do Twitter.

quarta-feira, 8 de abril de 2020

Superlua Rosa, a maior do ano, no céu acreano



Ocorre a coincidência entre a fase cheia da Lua e seu perigeu, ponto mais perto da Terra

REDAÇÃO CONTILNET
8 de abril de 2020

A maior superlua do ano, conhecida como Superlua Rosa, começa na noite desta terça-feira (7). O fenômeno, que dura até a próxima quinta, marca a coincidência da Lua Cheia com o instante em que ela está mais próxima da Terra. O satélite estará maior e mais brilhante para quem observar o céu.


O registro de capa é do fotógrafo Daniel Cruz, que fez um belo clique da linda lua no céu de Rio Branco (AC).

O jornalista Raylanderson Frota registrou a Superlua Rosa e o céu de Brasileia.



domingo, 29 de março de 2020

Um grande dilema


Como modelo científico usado na astrofísica prevê casos de covid-19 no país


Carlos Madeiro
Colaboração para Tilt
29/03/2020 04h00
Sem tempo, irmão
Brasileiros usam modelos da astronomia para ajudar a prever comportamento do vírus
Trabalho usa equações conhecidas por astrônomos para entender fenômenos da natureza
Modelo chama-se SIR, que divide população em suscetíveis, infectados e curados/mortos
No Brasil, pior cenário do sistema prevê morte de até 2 milhões de pessoas
Dois cientistas brasileiros estão usando modelos físicos de sistemas dinâmicos, usados em astrofísica, para ajudar a prever o comportamento do coronavírus no Brasil. A ideia é contribuir com as autoridades e médicos a se prepararem para a epidemia de covid-19, assim como ocorreu em países que enfrentaram a doença antes do Brasil.
O modelo foi formulado pelos pesquisadores José Dias do Nascimento, físico do Departamento de Física Teórica e Experimental da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte); e Wladimir Lyra, astrônomo da Universidade do Estado do Novo México, nos EUA.
O trabalho usa equações conhecidas por astrofísicos e astrônomos para a compreensão de fenômenos da natureza. Trazidas à realidade da pandemia, ela traça cenários diante de avanço da doença em perspectivas mais otimistas e pessimistas.
"A astrofísica lida bastante com processos não-lineares, e na pesquisa em dinâmica de fluidos já tinha até usado modelos originalmente desenvolvidos para a dinâmica de populações biológicas, como o modelo predador-presa —modelo que foi desenvolvido em biologia-matemática para estudar as populações de predadores e presas em um ambiente. Alguns processos astrofísicos seguem a mesma dinâmica", diz Lyra a Tilt.
Nascimento afirma que o modelo usado chama-se SIR, que divide a população em três partes: Suscetíveis [a contrair o vírus], Infectados e Removidos [curados ou mortos], daí a sigla.
"É um modelo simples e bem estabelecido na física desde os anos 1970. Ele entrou com muita força nos estudos de espalhamento de doenças por vírus. A física tem variações desse modelo, e o que tem de novo nesse nosso é a aquisição de dados em tempo real e recálculos dos parâmetros para previsão", diz.
Os sistemas dinâmicos usados aqui são os mesmos das previsões meteorológicas e da análise de planetas e astros, com base em conceitos da física e matemática.
"Essa sistema dinâmico, com a posse de dados novos, pode evoluir e saber qual o próximo passo das variáveis do sistema. Ou seja, com ele podemos descrever cada uma das partículas nesse momento e saber onde ela vai estar num segundo momento", completa.

Projeção de número de mortos pelo coronavírus, segundo modelo desenvolvido pelos pesquisadores brasileiros. 
Como surgiu a ideia
Inicialmente, não havia previsão de fazer trabalhos na área. "Isso começou com uma conversa nossa sobre data science [ciência de dados], mas se tornou de uma semana para cá a nossa principal preocupação: rodar e prever os cenários para o Brasil. Cada país está preocupado em rodar para o seu país, e nós, como cientistas brasileiros, mesmo estando aqui nos EUA, temos olhado principalmente para as consequências no Brasil", afirma Nascimento.
O pesquisador afirma que analisou previsões parecidas de outros países que enfrentam epidemia há mais tempo que o Brasil. Ele mostra que o país pode seguir um caminho preocupante.
"Na Itália, mesmo tendo o aviso dos chineses, se demorou muito a ter as reações. Isso foi obviamente um problema. Na China dá para ver hoje que foi impressionante a operação de guerra entre isolamento e muitos testes. Na Coreia do Sul, o isolamento não foi tão grande, porém, eles testaram milhares de pessoas por semana que corresponde mais do que os Estados Unidos testaram por mês", diz.
No Brasil, o pior cenário, aquele que nada é feito pelas autoridades e a vida segue sem restrições, previa até a morte de 2 milhões de pessoas. Esse cenário provável é de um colapso que pode chegar ainda no final de abril ou início de maio.
"Esse é um cenário, digamos assim, pessimista —quando essa curva cresce e atinge a população inteira ao mesmo tempo. Então esse esse tipo de coisa acaba gerando um sufoco, um sufocamento das estruturas hospitalares", afirma.
"Esse é o problema, e a gente está vendo isso nos gráficos, caso não tenhamos muitos testes e sem o cuidado do isolamento severo. Assim a gente não vai conseguir baixar essa curva, e o ciclo de suscetíveis para infectados e mortos vai seguir como nos modelos da Itália, sem nenhum nenhuma restrição", completa.
Nascimento ainda diz que vê problemas do Brasil como, por exemplo, na questão dos testes. "Estamos com um retardo incrível nisso, que obviamente vai ser um fator determinante do que vai acontecer daqui a 15 dias, quando os infectados de hoje começaram a aparecer efetivamente nas distribuições das mortes, dos casos mais graves", diz.
Nesse momento, o cientista diz que está buscando novos parâmetros para conseguir chegar a um número ainda mais preciso.
"Precisamos desse parâmetros, como número de leitos de hospitais, quais os gargalos técnicos e suas variáveis do sistema real. Com isso, nosso sistema se confronta com a oferta de cuidados hospitalares, e entende como vai surgir as curvas. É isso que estou fazendo agora ao conversar com cientistas da medicina", afirma.
SIGA TILT NAS REDES SOCIAIS
Twitter: https://twitter.com/tilt_uol
Instagram: https://www.instagram.com/tilt_uol/
WhatsApp: https://uol.page.link/V1gDd
Grupo no Facebook Deu Tilt: http://bit.ly/FacebookTilt

sexta-feira, 27 de março de 2020

APROXIMAÇÃO DE COMETA GERA EXPECTATIVA ENTRE ASTRÔNOMOS

No finalzinho do ano passado, em 28 de dezembro, astrônomos do ATLAS – sigla de Asteroid Terrestrial-impact Last Alert System –, um observatório situado no Havaí focado na detecção de asteroides, identificaram algo diferente. Os cientistas descobriram um cometa que foi batizado com a sigla C/2019 Y4, mas que, na ocasião não despertou muito interesse. Afinal, além de não estar em rota de colisão conosco (ufa!), o objeto era extremamente “apagadinho” e, portanto, passaria praticamente despercebido aqui pelos nossos lados. Só que isso mudou...

Show surpresa?
Quando foi detectado, o cometa se encontrava a quase 440 milhões de quilômetros de distância do Sol, nas imediações da constelação de Ursa Maior, e os astrônomos calcularam que ele era quase 400 mil vezes menos brilhante do que as estrelas que se encontram no limiar de visibilidade a olho nu aqui da Terra. Bem apagadinho mesmo – e sem graça!
Órbita do C/2019 Y4
Entretanto, o fato de o cometa – que vem sendo chamado de ATLAS – não ser especialmente “espetaculoso” não fez com que os astrônomos desistissem de ficar de olho nele. É normal que, conforme esses astros se aproximem do Sol, eles se tornem mais brilhantes, e era esperado que isso ocorresse com esse em questão quando ele alcançasse a sua aproximação máxima de 37,8 milhões de quilômetros da estrela, o que deve ocorrer no final de maio.
Só que o interessante é que o ATLAS, de 2 semanas para cá, resolveu começar a brilhar e, de momento, já está 600 vezes mais luminoso do que o que havia sido previsto. Com isso, de “sem graça”, o cometa começou a gerar bastante expectativa entre os astrônomos e todo mundo está ansioso para conferir se o astro dará um espetáculo ou se tem mais alguma surpresa reservada para as próximas semanas.
Isso porque, além da possibilidade de que o C/2019 Y4 proporcione um verdadeiro espetáculo celeste, pode acontecer de o cometa simplesmente voltar a reduzir o brilho e apenas fazer a sua passagem sem maiores alardes. Por outro lado, caso mantivesse o ritmo de aumento de luminosidade, até o final de maio, o astro se tornaria tão brilhante quanto Vênus no céu.

Visitante

Curiosamente, o C/2019 Y4 segue uma órbita quase idêntica à de outro astro que causou assombro no passado – o “Grande Cometa de 1844”. Igual à outra rocha espacial, o ATLAS apresenta uma trajetória que o leva até os confins do Sistema Solar, a mais de 90 bilhões de quilômetros de distância do Sol, e em uma viagem em que ele demora cerca de 6 mil anos para completar ao redor da estrela. Aliás, os astrônomos desconfiam que tanto o C/2019 Y4 como o astro de 1844 possivelmente sejam parte de um cometa maior que se fragmentou.
Viagem longa
Vale mencionar que os astrônomos estão ansiosíssimos para assistir a um espetáculo celeste proporcionado por um cometa, uma vez que o último a nos brindar com um evento visível a olho nu da Terra foi o Hale-Bopp, em 1997. Mas, respondendo à que possivelmente é uma de suas maiores dúvidas agora... Vai dar para observar o C/2019 Y4 do Brasil?
Para o pessoal do Hemisfério Norte, o período mais propício para acompanhar a passagem será do final de março até abril, com probabilidade de assistir a um show mais bonito do que a turma do Hemisfério Sul – que poderá observar a passagem em maio, especialmente durante a semana iniciando no dia 28 e, depois, a partir de 15 de junho. Anote na agenda e prepare o seu telescópio ou binóculos!